quarta-feira, 5 de setembro de 2012

TROPAS & CAGALHÃO

 TROPAS & CAGALHÃO
...uma vez fui convidado a dar o concerto de apresentação do meu LP "Pipocas", no Rock Rendez Vous; decidi, não apresentar o LP - que teve muito sucesso na altura -, e apresentar antes uma performance multimédia; realizei o vídeo, compus a música; convidei os músicos (Bernardo Devlin, David Maranha e Tó Fortes) e os performers (Objectos Perdidos); depois convidei o performer Manoel Barbosa para me ajudar nas luzes; e ainda o performer Brinquinho, para um solo; realizei a encenação e coreografia do show; depois veio o espectáculo com a sala cheia; as pessoas nem queriam acreditar no que viam: mulheres nuas em actos sexuais; um tipo que passou o tempo todo a chutar e a fumar ganza; um gajo a espetar-se com uma faca e a sair sangue e bocados de carne; no jornal Sete disseram que o vocalista era eu e que o pintor Palolo aparecia como travesti; fui com o Palolo ao jornal Sete, para que eles emendassem o erro; e o chefe de redacção vai falar com o que escreveu o artigo e volta e diz-nos: "Desculpem, mas o meu jornalista, diz que o show foi quase pornográfico e que não altera em nada o que escreveu"; e eu digo ao atrasado mental: "Olhe, em primeiro lugar o seu jornalista está errado, porque o meu show não foi "quase pornográfico" mas sim "pornográfico total"; em segundo lugar, ele vai mudar sim, senão leva nas trombas minhas e do Palolo, pois o Palolo estava em Paris nesta altura e eu estava a 20 metros a filmar o evento, percebeu?"; o gajo até tremeu, mas fez ar de zangado; uma semana depois sai esta notícia: "A ser verdade o que nos dizem o António Palolo e Vítor Rua, não teriam sido estes a estarem presentes no dito concerto. Mas nós mantemos que esse show foi quase pornográfico"; isto foi a forma como eles se "retrataram" do enorme erro que tinham cometido; era assim o jornalismo musical; depois do show, não havia dinheiro para que os performers de Coimbra ficassem em Lisboa a pernoitar, e tiveram os cinco de irem de táxi a correrem, para ainda apanharem um comboio que existia na altura, e que demorava 12 horas a chegar a Coimbra, pois parava em todas as estações e apeadeiros; assim, os Objectos Perdidos, nem tiveram tempo de mudar de roupa; foram como estavam, ou seja, as gajas em bikini e saias curtas e eles de fato macado rosa e cabelos pintados de azul e amarelo, excepto um que vestia fato e gravata, e levava uma mala de executivo na mão; mal entraram na carruagem, depararam-se com uns 200 soldados; era o chamado comboio da Meia-Noite, e ia sempre cheio de tropas; mal estes vêem entrar as gajas quase nuas e os gajos de cabelo pintado, começaram todos logo a aproximarem-se das gajas, e a dizerem coisas tipo: "Comia-te toda"; "Lambe-me a piça"; e a eles diziam: "Paneleiros do caralho" ou "Palhaços"; o que ninguém reparou, é que com eles tinha entrado também o tal outro elemento vestido de fato, e com a tal mala de executivo na mão; e nem repararam, porque este se sentou no banco ao lado e julgavam nada ter a ver com as gajas "boas" e os "paneleiros"; ora, o de fato, era mil vezes mais pirado dos cornos, que eles todos juntos; e, foi então que o de fato pensou: "Eu não vou aguentar 12 horas nesta merda... Tenho de fazer algo"; e então começou a pegar na mala lentamente... a pousar a mala nos joelhos... a abrir lentamente a mala... a tirar lá de dentro um embrulho...; e os tropas sempre: "Gaja boa"; "Comia-te toda"; "paneleiros do caralho"; e ele, abria o embrulho de plástico lentamente; e eles os tropas: "Gaja boa"... "Comia-te toda"; e ele desmbrulha o plástico e vê-se um cagalhão!; aí os tropas que estavam todos concentrados no lado das gajas, dizem: "Aquilo é um cagalhão?"; e o de fato, sempre com o olhar posto nos 200 tropas, começa a meter o dedo indicador no cagalhão e começa a pintar a cara como fazem os índios antes de entrarem em guerra com os cowboys; de repente, os tropas páram de dizer as frases "Gaja boa", e mudam para sussurros do género: "Ele está a meter merda na cara"; e lá ficou todo cheio de pinturas merdescas na cara, o gajo de fato, a olhar e a confrontar os 200 tropas; lentamente, um a um, os tropas retiraram-se para a frente da carruagem, e as 12 horas de viagem, foram realizadas com os 200 tropas todos ao monte na frente da carruagem a jogarem cartas e de vez em quando a olharem para trás a ver se o gajo de fato continuava a olhar para eles; e por sua vez, o gajo de fato estava e foi a viagem inteira calado sem se mexer, com a cara pintada com cagalhão, em sossego e tranquilidade...

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