segunda-feira, 24 de setembro de 2012

Entrevista a Vítor Rua #13 - O problema da forma em Arbeit French Fries

Entrevista a Vítor Rua #13 - O problema da forma em Arbeit French Fries

Arbeit French Fries foi uma peça bastante difícil para mim, porque tive de resolver tudo em muito pouco tempo – talvez por isso eu tenha adoptado esse processo. Quando me encomendaram a peça, deram-me o prazo de vinte e tal dias para a compor. Eu posso agora escrever outra e usar o mesmo processo sem estar condicionado pelo tempo. Isso não prejudica o processo, mas ao escolher esse método o que é mais difícil de resolver é a forma. Por vezes, as pessoas quando observam a partitura ou quando a ouvem – porque eu recriei em computador, com alguns dos próprios músicos a tocar, o Tilbury, o Kientzy, etc – o que costumam dizer, curiosamente, é que estão a seguir a partitura e quando a peça chega ao fim sentem que estiveram a ouvir uma improvisação. De certa maneira, isso para mim é um elogio, porque no fundo era isso que eu pretendia. É como que se nesta sala, ou numa maior, estivesse alguém ao fundo a tocar a minha peça para flauta solo e no outro lado estivesse alguém a tocar a minha peça para piano solo. Só que realmente quando se põe isso em prática não é assim tão simples, porque foram escritas em tempos diferentes. Por outro lado, tem de se arranjar uma forma. Neste caso, a peça de piano serviu, como eu digo, de base para introduzir outras coisas. Como a peça estava delineada em três partes distintas, eu também descobri três partes distintas para a orquestra. A partir daí, tudo funcionava quase em tempo real. Eu olhava para o piano e procurava nos instrumentos que tinha à minha disposição as técnicas e as coisas que empregava noutras peças que até aí tinha feito.

Sem comentários:

Enviar um comentário