O som ecológico é todo o som proveniente da Natureza e vida animal; o som humanizado é aquele que decorre de algo criado por nós. Assim, o som de uma porta é um som humanizado, mas o som de um ramo de uma árvore a quebrar é ecológico ; o som do vento é ecológico. Mas e se for o som de vento reproduzido?
O som de duas pedras que embatem uma na outra é ecológico se ocorrer naturalmente e é humanizado se for eu que fizer bater as duas pedras uma na outra? O som de um papel a esvoaçar é um som humanizado porque o papel é uma invenção humana, mas e um humano que atira uma gigante folha de árvore pelo ar, é um som ecológico ou humanizado?
Será que a intencionalidade define se um som ecológico deixa de o ser? Ou o som de um pássaro a cantar é um som ecológico independentemente deste estar empoleirado num ramo de uma árvore ou se o seu canto foi registado e depois reproduzido por um mp3? E a não-intencionalidade define se um som humanizado deixa de o ser? Por exemplo, o som de uma porta a ranger, passa a ser um som ecológico só porque esta - a porta - foi arrastada pelo vento?
A minha ideia é a de que um som de vento será sempre um som ecológico independentemente de este ocorrer na Natureza ou ser uma reprodução digital num estúdio. No caso do estúdio, esse som ecológico foi humanizado, mas o som original era ecológico. O mesmo no caso do som da porta: o som de uma porta é um som humanizado, independentemente deste som ter efeito em acção humana ou ser obra da Natureza, pois o som em si - a fonte sonora - é artificial (criação do humano).
O som de vento simulado num sintetizador é um som humanIzado pois o som original não é ecológico; já o som de vento reproduzido num sampler é ecológico porque o som original é o próprio vento.
A intencionalidade serve para sabermos se um som é organizado ou não-organizado, mas pouco nos diz sobre se é ecológico ou humanizado. O que conta é o som original. Se este for ecológico, continuará a sê-lo mesmo se posteriormente for humanizado; e um som humanizado mesmo que produzido de forma não-intencional continua a ser humanizado porque era essa a sua origem.
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