segunda-feira, 17 de setembro de 2012

SOM INTERIOR

SOM INTERIOR

Ao escrever estas palavras, vou-as escutando na minha cabeçà medida que vou escrevendo este texto. E "ouço" a minha voz. Pelo menos é essa a sensação com que fico. Não ouço este texto dito pela voz do meu pai ou da minha esposa (a não ser que eu o pretenda). Ouço-o com uma voz que identifico à minha voz quando audível.

Um compositor do século XXI, "ouve" quando está a compor - além dos sons dos instrumentos tradicionais de orquestra -, sons dos mesmos instrumentos instrumentos de orquestra, mas que advêm de técnicas invulgares instrumentais; mais sons provenientes de fontes electrónicas ou digitais; sons reproduzidos (analógicos ou digitais) em altifalantes, e que podem ser todo o tipo de sons, desde o som de vento, ao chilrear de um rouxinol ou portas a baterem.

E que "ouve" um compositor destes na sua cabeça? "Plim" (som de uma nota de vibrafone); "krcccccccccck" (unhas raspam num teclado de um piano); "bzzzzzzz" (som eléctrico amplificado de uma lâmpada; "pum" (bombo). A maior parte desses sons interiores, não faziam parte da escuta interior anterior ao século XX.

Mas nem só os compositores têm som interior. Todos nós pensamos coisas com som: palavras, objectos, ideias. Tudo isso nos surge sob a forma de sons. Pacientes de tinnitus ouvem um som que só eles escutam.

O som interior é um evento audível, apenas para quem o presencia. Os outros não o escutam porque nãé um som audível colectivo, mas sim individual e, tudo indica, um som mental.

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