domingo, 29 de março de 2015

HINO PARA CAVACO SILVA
DEVIR-MÚSICA

...em vez de tentar definir “música”, vou partir do princípio de que sei perfeitamente o que ela é, e que estou mais interessado de momento, em tentar entender, como ela surgiu. Imagino um nosso antepassado das cavernas, sentado à sombra de uma azinheira, depois de ter comido uma opípara refeição à base de fruta, e escutando, ou melhor, entendendo1 o chilrear de um rouxinol, poisado num ramo por cima da sua cabeça. “Que linda <coisa>”, pensa ele enquanto afasta com a mão um mosquito; “Vou tentar imitar o que entendi”. E ao fazer isso - o nosso amigo australopiteco -, ao tentar reproduzir o chilrear do rouxinol, ele fez música.
Mas... E antes de fazer essa música, que se passou? Que entendeu o nosso amigo primitivo? Que é que o levou a mimetizar aquele evento sónico? O meu argumento é o de que ele entendeu música. Ele ouviu um som; escutou-o; e finalmente entendeu-o; até esse momento, ele só tinha ouvido o chilrear do rouxinol; nesse dia entendeu-o; e ao fazê-lo, ouviu música. Não se trata - para mim -, de um caso semelhante ao do “ovo e da galinha”, mas sim de um facto lógico: nunca me apeteceria água se ela não existisse...

domingo, 15 de março de 2015