REPORTÉR ESTRÁBICO & CINZEIRO GUITAR
...uma vez estava a produzir o primeiro disco
dos Reportér Estrábico, e eles sempre a pedirem-me para eu fazer um solo
numa música deles; eu ia dizendo que "Talvez"; no último dia eles
voltaram à carga: "Ó Rua faz lá um solo teu de guitarra"; e eu disse que
sim; escolhi o tema e disse-lhes: "Vocês digam onde começo e onde
termino o solo com um sinal, ok?": e eles disseram que sim, e eu fui
para a cabine de gravação; era em vidro e
eles podia ver o que eu fazia e eu podia ver os sinais deles e a eles,
claro; sentei-me e peguei num bottleneck (um pedaço de vidro como o
gargalo de uma garrafa, para glissar nas cordas da guitarra), e
preparei-me; a música começa e quando chega o momento eles dão-me o
sinal para o início do solo; eu inclino-me para trás para começar a
tocar, e a cadeira cai para trás comigo sentado; a guitarra bate no chão
e produz um estrondoso acorde e entra em feedback; eu estou no chão e
perdi o bottleneck; olho em redor e vejo aqueles cinzeiros metálicos
cilindricos, e puxo-o para mim e ele cai violentamente sobre a guitarra,
produzindo outro estrondoso acorde; depois pego com as duas máos no
enorme cinzeiro, e uso-o como uma slide guitar; estou cheio de cinza e
periscas de cigarro por todo o lado: na cara, nas mãos, no corpo; de
repente eles dão-me o sinal para eu parar, e eu desligo o cabo da
guitarra e páro o solo; quando olho para a porta de vidro, além dos
músicos e do técnico de som, o Jonathan Miller, estava também, com ar de espantada, a mulher a dias...
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