quinta-feira, 6 de setembro de 2012

RUI... PUMBA!

 RUI... PUMBA!

...um dia o Teatro Carlos Alberto no Porto ia reabrir as suas portas, e o espectáculo da estreia chamava-se "Rua!", e eram músicas minhas para cena, que eu fiz para o Ricardo Pais ao longo de anos; criei uma banda para o efeito, constituída pelo Nuno rebelo, Luis San Payo, Manuel Guimaraes, e Alexandre Soares; logo nos primeiros ensaios, o Luís tinha de ir tocar ao Algarve, e tivemos à pressa de mandar vir o Marco Franco de Lisboa, para nos safar no ensaio; estavamos todos a falar do sucedido, e de como ia ser à tangente resolver aquele sarilho do baterista, quando diz o Alexandre: "É pá, já parecemos mesmo uma banda Rock... Ainda nem três dias o grupo tem, e já temos problemas com o baterista"; mais tarde no ensaio, surge o costureiro que nos ia fazer as roupas que iriamos vestir, e eram umas camisas azuis bébés e pareciamos empregados de Hotel; ficamos todos com uma cachola dos diabos; ainda por cima, o Ricardo pedia-nos para metermos a camisa por dentro das calças, para se ver o cinto; diz o Nuno Rebelo: "Eu não meto a camisa dentro das calças"; e logo o Alexandre concorda com ele; e todos me dizem: "Rua, vai lá dentro e diz aos gajos que não tocamos com as camisas dentro das calças"; e eu fui; chegado ao palco, estavam a experimentar luzes; e eu não via ninguém nas cadeiras do público; mas eles viam-me a mim; e eouço a voz do Ricardo a dizer-me: "Ó Vítor, pode meter as bainhas da camisa para dentro das calças?"; e eu, contrariado lá meti; e diz o Ricardo: "Fica muito melhor assim, obrigado Vítor, pode voltar ao camarim; e lá voltei eu ao camarim; chegado lá todos me perguntam: "Então, conseguiste?"; e eu disse que não; e eles todos: "Mas porquê?"; e eu respondo: "Porque sou um hipócrita cobarde"... E todos se riram... Acabamos por tocar com as bainhas por fora; no dia do evento, haviam dois concertos: um para convidados, na sua generalidade, presidentes de Cãmaras de várias cidades; estava o Rui Rio, etc., e outro para o público em geral; o Ricardo antes do concerto começar vem dizer-nos: "Voc~es podem fazer o que quiserem, mas no final do primeiro tema, eu vou falar, um pequeno discurso, e aí, pedia-vos que tocassem mais baixinho: e eu digo "Sem problemas, Ricardo, nós fazemos música ambiental; chega o momento do Ricardo falar, e o Ricardo começa a agradecer a todos os presente e diz: "Em especial ao Presidente Rui..." e quando ia a dizer "Rio", o Alexandre deixa cair a guitarra, produzinho um estrondo gigantesco, que evitou ouvir-se o nome do Rui Rio; terminado o concerto e estamos todos a ir para o camarim para nos prepararmos para o concerto seguinte, diz o Ricardo ao Alexandre: "A ver se desta vez consigo dizer o nome do homem"; e todos nos rimos; chega o outro concerto e a altura do Ricardo fazer o seu discurso, e eu olho para o Alexandre, que está nervoso a segurar com as duas mãos na guitarra, para que desta vez ela não caia; e lá começa o Ricardo o seu discurso; e eu sempre a olhar para o Alexandre e vejo que este, está a recuar para trás, para um sitio onde estava um tripá com um microfone; e quando o Ricardo vai de novo dizer "Rui...", o Alexandre bate com as costas no tripé, vê que este vai cair, solta as mãos da guitarra para agarrar no microfone, e a guitarra volta a cair com alto estrondo, e mais uma vez não se ouviu o nome do gajo...

Sem comentários:

Enviar um comentário