quinta-feira, 6 de setembro de 2012

O TRÁGICO FADO DO RUA

O TRÁGICO FADO DO RUA

...um dia ia fazer um Recital com o Ricardo Pais e com o pianista Jeff Cohen, e o Ricardo à última da hora resolve meter um fado e diz-me para eu o tocar; Ninguém acha boa ideia; mas o Ricardo insiste e diz: "Mas será que sou o único aqui a gostar deste fado?"; e lá ficou o fado; antes do espectáculo, vou jantar com o meu grande amigo Francisco Leal, que era o engenheiro de som do São João, e digo-lhe: "Olha, eu já sei que vou falhar no fado... Não vou conseguir tocar... vê lá se estás preparado para meter um som qualquer para me safares nessa altura"; e diz-me o Francisco: "Ó Maestro, vai correr tudo bem"; chega o espectáculo e a altura do fado e eu é que devia fazer a introdução a solo na guitarra; e os dedos tremiam, e não consegui tocar a merda do fado, e em vez disso, dou só um acorde arpejado; o Ricardo olha para mim, e eu aceno com a acabeça, e digo para ele começar a cantar; e ele lá começa; no final do show, vem ter comigo e diz-me: "Ó Vitinho, aquela entrada do fado era assim?"; e eu respondo-lhe: "Tem dias"...

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