UMA HISTÓRIA PASSADA NA ANTIGA CHINA
Conta-se que o
Imperador Shun, de forma a controlar o seu reino e verificar que tudo
estava em ordem, todos os segundos meses de cada ano, fazia uma viagem
pelo seu reinado. No entanto, não o fazia observando os livros da
economia das suas províncias, nem tão pouco vendo a forma de viver das
suas populações. Também não interrogava os seus oficiais, nem queria
saber o que pensavam os seus súbditos. Não, ele não utilizava nenhum
desses métodos, pois na China antiga, havia um método muito mais exacto,
revelador e científico para se inteirar do estado do seu reino. De
acordo com o antigo texto chinês Shu King, o Imperador testava essa
ordem escutando os exactos tons das notas musicais, nas viagens através
dos seus vastos territórios. Regressado ao seu palácio e querendo
monitorizar a eficiência da sua governação, não pedia conselhos aos
políticos, nem revia a economia ou queria saber do estado da opinião
popular (embora por vezes recorresse a esses métodos), antes queria,
acima disto tudo, ouvir e testar as cinco notas da antiga escala musical
chinesa. Pedia a oito músicos que tocassem os oito tipo diferentes de
instrumentos chineses e escutava-os interpretando canções populares, bem
como composições da côrte, observando se toda essa música estava em
perfeita correspondência com as cinco notas. Se nas viagens através do
seu reino o Imperador Shun descobrisse que nos seus diferentes
territórios os instrumentos estavam todos com diferentes afinações,
poderia concluir que os próprios territórios em si, poderiam começar a
divergir, a perder a unidade e até mesmo entrar em conflitos: a menos
que a afinação fosse imediatamente corrigida e tornada uniforme em todos
os lugares. Ou se a música que ele ouvisse nos diferentes locais lhe
parecesse vulgar e imoral, então ele poderia esperar que a imoralidade
varresse a nação, a menos que algo fosse feito no sentido de corrigir
essa mesma música. Tal era a importância que na Antiga China se dava ao
som e à música.
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