quinta-feira, 18 de outubro de 2012

RUÍDO TÓNICO

RUÍDO TÓNICO

 

Se examinarmos o som de uma guitarra Fender Stratocaster – por exemplo -, ligada directamente a um amplificador Fender Twin Reverb, e o guitarrista tocar a corda Lá solta, obtemos um som tónico; um tom; um som de vibração de onda periódico; um som de altura definida. Mas se, entre a guitarra e o amplificador, introduzirmos um pedal de distorção, o som torna-se ruído, no sentido em que passa a ser um som de vibração de onda aperiódico. Mas não deixa de ter um tom: um som de al
tura definida. Ou seja, passa de som tónico (som puro da guitarra ligada ao amplificador), para ruído tónico (som da guitarra, ligada ao pedal de distorção, que por sua vez está ligado ao amplificador). Vimos que o ruído do motor de um Wolkswagen, em velocidade de cruzeiro, produzia um tom de Fá#. A minha máquina de barbear, sujeita a um afinador digital, deu um tom próximo do de Sib. Ou seja, produziu um ruído tónico. Já um ramo de árvore a quebrar, o ruído de botas na neve, o som das ondas do mar ou da chuva, são tudo ruídos não-tónicos, ou seja, um ruído de altura indefinida.
Russolo diz no seu manifesto The Art of Noises:

“noise differs from sound only insofar as the vibrations that produce are irregular and confused, both in tempo and density. Every noise has a note, sometimes even a chord that predominates in the ensemble of irregular vibrations.” (Russolo, 2009:136).

Russolo refere-se mais concretamente, aos ruídos tónicos. Esses é que possuem uma altura mais ou menos definida. Assim, quanto a mim, não são todos os ruídos que possuem este atributo, pois os ruídos não-tónicos não têm uma “nota” ou “tom”. O que distingue um som não-tónico de um ruído não-tónico, é que este último pertence ao grupo do anterior. No som não-tónico inclui-se o ruído não-tónico, o silêncio não-tónico, os sons eléctrico e electrónico não-tónico e os infra e ultra-sons tónicos e não-tónicos.

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