DUETO & DROGA

DUETO & DROGA

...uma vez, em 1981 ou 1982, eu e o Miguel Megre (dos GNR) e o nosso roadie Almeida, fomos à Taverna 2000, no Foco, do Venâncio (percussionista do Conjunto António Mafra), para assistirmos a um concerto raro, senão único: um dueto de dois pianos Fender Rhodes, entre o António Pinho Vargas e o Miguel Graça Moura; o espaço era pequeno e estava a abarrotar de gente; havia a porta de entrada e saída, um corredor até ao Bar e WC, e os músicos tocavam no centro desse corredor, e as pessoas estavam logo quase em cima dos músicos sentadas; entramos e o concerto começou; e nós os três fomos à casa de banho para as drogas (erva, coca, ácidos); de repente, o Megre, desmaia e cai no chão da casa de banho; nós os dois riamo-nos; disse eu ao Almeida: "Vamos levar o gajo para fora do clube para apanhar ar"; e pergunta-me o Almeida: "E como o levamos?"; e eu respondo: "Tu seguras nas pernas e eu nos braços; e assim foi; agora imaginem a cena: eu e o meu amigo, cada um a segurar nos braços e pernas de um gajo desmaiado (mas que até podia estar morto), e a passarmos em frente de toda a gente, e eu a rir-me e a dizer: "Não há problema nenhum... Está tudo no máximo"; entre os olhares de toda a gente, recordo-me do olhar de espanto, mas também a sorrir, do Pinho Vargas, que nem devia querer acreditar no que estava a ver, ao ver-nos sair do clube daquela forma...