quinta-feira, 23 de agosto de 2012

TELECTU NA BIENAL DE CERVEIRA 1986

 TELECTU NA BIENAL DE CERVEIRA 1986

...os telectu foram - em 1986 - mais uma vez, convidados para irem actuar à bienal de cerveira, pelo pintor jaime isidoro; este era uma pessoa extraordinária, mas que não percebia, nem tinha de perceber, de electrónica; mal chegamos ao sítio do concerto carregados de sintetizadores e guitarras e mesas de mistura, o jaime veio cumprimentar-nos; todos nos abraçamos e eu perguntei-lhe "onde montamos
a aparelhagem", ao que ele respondeu "em qualquer lado"; e eu dizia "mas onde está o p.a.", e ele insistia "montem onde quiserem"; e eu disse-lhe "mas jaime, para actuarmos precisamos de electricidade e do sistema de amplificação: onde está ele?"; e o jaime olhava para mim e dizia "vocês actuem onde quiserem e sei que vão arranjar uma solução; e foi-se embora; e ficamos a olhar para uma tenda enorma cheia de pinturas e esculturas, mas sem electricidade e sem aparelhagem de som; depois de alguma conversa decidimos ficar a dormir na linda pousada de caminha e não tocariamos pois não havia aparelhagem; passaríamos umas pequenas férias lá; saímos da tensa com os instrumentos nas mãos a pé; iamos a andar pela rua quando eu vejo parar num jardim em frente uma carrinha em que se via escrito "Grupo H2O"; virei-me para os outros e disse "Esperem aí um minuto que eu quero ver uma coisa; olhei para a carrinha que tinha parado e desta sairam dois homens (pai e filho vim a saber depois); começaram a tirar colunas e depois uma mesa de mistura; ao ver aquilo disse ao jorge "podemos pedir para tocar naquela aparelhagem, que dizes?"; e o jorge disse que sim; fui até o homem mais velho e comecei a operação de charme "eu fui dos gnr e somos os telectu e iamos tocar aqui mas não há aparelhagem, será que podiamos usar a vossa?"; e ele diz que sim; que é um grande admirador dos telectu; ele próprio também já foi músico; começamos então a montar os instrumentos; fomos buscar mesas e cadeiras de plástico numa esplanada em frente e como já era noite o rui azul (que tocava sax nessa noite connosco) ligou as luzes do automóvel dele para nós para termos luz; chegada a hora do concerto, começamos a tocar; estava tudo normal quando um minuto depois o som dos nossos instrumentos baixa de volume e começa a ouvir-se o homem pai a dizer ao microfone (usando a nossa música como fundo para o seu anúncio e mexendo no nosso volume como se estivesse numa emissão de rádio em que quando fala baixa o volume à música): "Hoje, pelas 21 horas, o agrupamento intelectu, abrilhantado pelo grupo H2O nos raios laser"... nós iamos morrendo de riso (eu e o azul), enquanto o jorge olhava para o homem com ar fulminante...

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