UM TEXTO SÉRIO SOBRE O "PIROPO"
Entre os meus 9 anos e os 12, eu usei o cabelo comprido... Isto no Porto, entre 1970 e 1973. Ou seja: era gozado! Por amigos, estranhos, trolhas, doutores... Por muita gente. Depois aos 18 anos pintei o cabelo de azul. Mais uma vez ouvia "bocas" do mais variado tipo de gente. Assim, posso dizer, que senti na pele, por breves períodos, o que muitas mulheres passam uma vida inteira. Mas... Eram "piropos"? Não! Eram injúrias! Um piropo é um elogio dito de forma "airosa". Não fere ninguém! O que me diziam (e dizem às mulheres) não são "piropos" mas sim "ofensas"! Quando me diziam: "Com esse cabelo, comia-te o cu", não era um "piropo", era uma ofensa! E mais: por vezes, até a coisa mais "bela" se torna "obscena" e "suja", conforme ela é dita! Se alguém disse melodiosamente a uma mulher, sorrindo: "És linda como uma flor", é uma coisa. Mas se um homem disser a mesma frase, a babar-se e a fazer gestos de que se está a masturbar, tipo: "Éssssssss Lindaaaaaaaa como uma floooooooooooorrrrrrrrrrrr" (acompanhado do gesto masturbatório!), já não é um piropo, mas sim uma ofensa. Assim, vê-se que não é o tipo de frase por vezes que importa, mas sim a forma como essa frase é dita.
Creio que o que estas duas deputadas do BE vieram trazer com esta situação, foi o facto de que se está a falar deste assunto. E só isso já é positivo! Não estou a dizer que o que elas dizem está certo ou é positivo! Estou a dizer que o que elas "provocaram" pode vir a ser positivo! Só o facto de se estar aqui, nas redes sociais, a discutir-se este facto, já é muito bom!
É como as "cotas": eu sou absolutamente contra as cotas!!! Eu penso que devem estar as pessoas certas nos locais certos, independentemente de serem loiras, pretos, amarelos, homossexuais ou ambidestres.
Um piropo, na sua origem, era algo de "cavalheiresco", mas o cavalheirismo já desapareceu há muitas décadas (infelizmente!), e o que resta é a ofensa gratuita desprovida de qualquer tipo de elegância e de consideração, aspectos que estavam bem presentes num certo cavalheirismo original.
Há de facto que mudar as mentalidades, mas eu, nunca fui adepto de se "forçar" as pessoas. Fui sempre adepto da "prevenção" e " pedagogia", para que isso (esses actos), não aconteçam sequer, por se estar num outro grau de elevação ética.